Saúde

LER/DORT é uma sindrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como: dor, parestesia, sensação de peso, fadiga, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, mas podendo acometer membros inferiores.

O Dia Mundial de Combate à Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) é reverenciado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 28 de fevereiro com o objetivo de alertar a população sobre esse grande problema da saúde pública em muitos locais de trabalho.

A LER/DORT não é propriamente uma doença, mas uma síndrome que afeta músculos, nervos e tendões dos membros superiores e inferiores. É originada na organização e nas condições de trabalho, tais como, a intensificação do ritmo, redução do contingente de trabalhadores, metas de produção inatingíveis, prescrições inexequíveis, cobranças continuas, jornada de trabalho excessiva, assédio moral e perseguição aos trabalhadores, em empresas com gestão e organização autoritária.

Considerada como a segunda causa de afastamento de trabalho na Previdência Social, os dados previdenciários ainda estão muito aquém da real situação, pois só a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE e divulgada em 2013, apontava que 3.56.095 brasileiros informaram ter tido diagnóstico de LER/DORT.

Apesar das estatísticas recentes apresentarem diminuição das LER/DORT nos últimos anos, é falso a informações de que a doença está controlada nos locais de trabalho no país, pois tanto os patrões e como a Previdência Social utilizam inúmeros mecanismos para diminuir as estatísticas de LER/DORT. As subnotificações das doenças relacionadas com trabalho, encaminhamentos dos empregados para tratamentos na rede privada de saúde, praticas de assédio moral e até demissões dos portadores de LER/DORT são algumas das estratégias das organizações para não registrar os adoecimentos.

Por sua vez, não reconhecimento da incapacidade de trabalho e a descaracterização dos casos de LER/DORT como ocupacionais pela pericia médica previdenciária e mais recentemente a revisão de benefícios por incapacidade de longa duração (MP nº 739/2016) que concedeu altas médicas à mais de 80% dos segurados com benefícios por auxílio-doença ou aposentados por invalidez contribuem para que as empresas continuem mutilando os trabalhadores e trabalhadoras no país.

Embora não haja dados precisos sobre o perfil dos segurados que tiveram os benefícios cancelados na revisão de benefícios por incapacidade de longa duração, tudo indica que o maior percentual de alta médica, no caso especifico de LER/DORT forma mulheres. Sendo a LER/DORT uma consequência da organização e condições de trabalho, a reforma trabalhista imposta para reduzir custos do empregador, ampliar o lucro e a competitividade das empresas, além de facilitar a precarização das relações de trabalho e o enfraquecimento da representação sindical terá como consequência milhares de novos casos de LER/DORT e adoecimento mental.

Os motivos que levaram as entidades referenciarem o 28 de fevereiro como Dia Mundial de Combate à LER/ DORT, no passado recente, se multiplicaram diante da nova conjuntura do mundo do trabalho brasileiro: terceirização da mão de obra, trabalho intermitente, flexibilização da jornada de trabalho, descumprimento da legislação trabalhista, trabalho análogo à escravidão, enfraquecimento dos sindicatos, sucateamento do Ministério do Trabalho e dificuldade de acesso à Justiça do Trabalho.

Neste contexto o 28 de fevereiro é mais um dia luta contra as diversas formas de precarização do trabalho e a degradação da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras, luta que é contínua e deve ser levada o ano todo.

28 de Fevereiro Dia Mundial de Combate à LER DORT 2

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