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CPIMerendaÉ a raposa cuidando do galinheiro. Depois da pressão dos estudantes, que chegaram a ocupar por três dias o plenário da Assembleia Legislativa (Alesp), os deputados governistas protocolaram o pedido para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar crimes na distribuição de merenda escolar no estado de São Paulo.

A CPI, no entanto, não será como esperavam os manifestantes. Como a comissão foi pedida pelos aliados do governador, eles ficaram com a maioria e das vagas e com um dos dois principais cargos: a presidência ou a relatoria.

Isso tem ocorrido com frequência da Assembleia Legislativa de São Paulo. Todos os pedidos de CPI apresentados contra o governo Alckmin ou foram rejeitados ou, se aprovados, foram controlados pelos aliados do governador e acabaram em pizza. A história se repete.....

O que é a fraude da merenda

Segundo o Ministério Público, uma cooperativa de agricultores, a Coaf, assinou ao menos R$ 7 milhões em contratos com 21 prefeituras, além do governo estadual, somente entre 2014 e 2015, para o fornecimento de alimentos e suco para a merenda.

Ainda de acordo com a Promotoria, parte desse valor era usada no pagamento de intermediários e agentes públicos que atuavam para facilitar ou fraudar as licitações para beneficiar a cooperativa. O caso veio à tona em janeiro deste ano.

O presidente da Assembleia, Fernando Capez (PSDB), também investigado, nega as acusações e afirma que tomará providências judiciais e administrativas. Capez disse também que a investigação sobre a máfia da merenda foi pedida por ele.

Histórico

O pedido de instauração de CPI para investigar contratos relacionados ao fornecimento de merenda escolar foi feito pelo PSDB no dia 10 de maio, logo após os estudantes ocuparem o plenário da Casa. Em menos de 24 horas, cerca de 70 deputados assinaram – mais que o dobro do exigido (32).

De acordo com o partido, o texto da oposição era limitado à Secretaria de Educação. Na proposta dos tucanos, serão investigados também os contratos com as prefeituras, o envolvimento de agentes públicos e agora, as empresas.

A oposição, que tentava emplacar requerimento sobre o tema desde fevereiro, disse que se viu obrigada a assinar a CPI governista para poder intervir na investigação, embora tema que a comissão seja "chapa branca" – foque nas prefeituras para blindar o governo de Alckmin.

Poucas reuniões do Comissão de Educação e Cultura tiveram o número de deputados presentes necessários para dar prosseguimento nos trabalhos de uma CPI das merendas.

Uma das propostas era ouvir os servidores citados nas investigações da fraude, Fernando Padula, ex-chefe de gabinete do secretário de Educação, e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil, conhecido como Moita. Ele chegou a ser convidado, mas não compareceu.

Na reunião em que houve quórum, em 19 de abril, a comissão deixou de analisar os requerimentos já protocolados sobre o escândalo da máfia da merenda e aprovou projetos de lei de caráter religioso.

Passo a passo

O processo foi longo e burocrático. Com cinco CPIs em andamento – número máximo permitido – e 11 na fila de espera, nos tramites normais, a comissão da merenda só seria instaurada em 2017.

Para que o requerimento “furasse a fila” e fosse criada a 6ª CPI, foi preciso criar um Projeto de Resolução em caráter de urgência. Cerca de 60 deputados assinaram.

O Projeto de Resolução é um instrumento legal para que a comissão não fique no fim da fila, e possa ter a abertura acelerada. Funciona como um atalho, e precisa de 32 assinaturas para ser protocolado e, depois, votado.

O presidente da Casa pautou a votação da urgência, que foi aprovada na noite do dia 17. Depois, o texto foi analisado pelo Congresso de Comissões até ser liberado para que o presidente pautasse a votação. Por conta da emenda, voltou para análise do Congresso até ser aprovado nesta quarta.

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