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Opinião

Estima-se, que 20% do contingente dos que hoje trabalham nas operações venham a amargar o desemprego, e por maior tempo...

Por: Marcísio Moura

Aprovado no dia 23 de outubro, o projeto de autoria do deputado Barros Munhoz (PSB), pretende trazer "paz" aos lares dos paulistanos, limitando ligações das empresas de telemarketing aos clientes entre segunda e sexta-feira, das 9h às 18h.

O texto, que precisa ser sancionado pelo governador João Doria (PSDB) para entrar em vigor, além de limitar os horários na semana, quer proibir ligações aos finais de semana e também propõe a criação de um cadastro ao usuário que possibilite a manifestação de interesse, ou não, à comercialização dos produtos e serviços ofertados pelas empresas, assim como proíbe as empresas de realizarem as ligações com número privado.

Mas o que parece ser uma iniciativa benéfica para uns, esconde por trás uma grande armadilha para outros. Já que consumada, tal lei pode ajudar a engrossar, ainda mais, a fila dos desempregados em nosso país.

Estima-se, que 20% do contingente dos que hoje trabalham nas operações venham a amargar o desemprego e por maior tempo.
 

Isso porque, com a economia estagnada os jovens são os que mais sofrem quando o assunto é oportunidade de emprego, pois numa concorrência desenfreada a inexperiência torna-se um fator de corte, colocando-os sempre em desvantagem.


O setor de telemarketing hoje chega a quase 2 milhões de empregados em todo país, seu maior feito é ser a porta de entrada para o jovem ao mercado de trabalho, já que 90% de sua população é formada por uma população juvenil de 18 à 29 anos.

Ao simplesmente criar leis que limitam horários e dias, estes, que criam nossas leis, estão apenas tentando sanar um problema de maneira superficial e evitando o debate.

Talvez, criar fóruns de discussões e audiências públicas que debatam de fato o assunto com responsabilidade, garantindo a presença dos interessados com real vontade de sanar os problemas, que fazem do “telemarketing ativo” uma pedra no sapato de tantos consumidores, deva dar muito trabalho.
Mas seria a maneira mais sensata numa sociedade tida como evoluída e democrática. 
Todavia, criar apenas paliativos não trará resolução ao problema, pois se apenas proibir fosse solução, inúmeras problemáticas da vida facilmente seriam resolvidas.


Aliás, resolver uma questão acarretando outra ainda mais prejudicial é só o início de um efeito dominó.

Vivemos ouvindo o mantra da geração de empregos, das oportunidades, das necessidades e suas consequências à falta destas. Agora, condenar uma juventude a conviver sem perspectivas, alçadas ao mundo das drogas, prostituição e tantas outras mazelas só corrobora com a ideia de que é inadmissível negar o que ainda lhes resta: o emprego.

Ao citar como exemplo de abuso o caso de uma operadora de telefonia móvel condenada pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) a pagar R$ 40 mil em danos morais a um cliente que alegou receber de 15 a 20 ligações diárias, Munhoz confunde o sintoma do paciente com a doença.


Regulamentar o setor, estabelecer normas e penalizar os que descumprem seria o caminho da sensatez.
Num segmento relativamente novo é natural que hajam excessos.
Que devem, sim, serem contidos.

Assim, necessitamos de regras e adequações para que se estabeleça uma relação de convivência entre os clientes e as empresas tomadoras de serviços. Que também devem fazer parte deste processo, já que estabelecem metas e pontuações às operações contratadas.

Contudo, produzir uma lei que castigue as empresas, mas que condene, principalmente, os que laboram nessa profissão é, no mínimo, fruto de desconhecimento, para não afirmarmos leviano.

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