Opinião

Marcisio-OpiniaoO Brasil vive uma crise política, que foi transformada em crise econômica, mas nossos patrões não navegam nesse mar revolto, tiveram lucros altíssimos nos últimos anos, gozaram de crescimento que atingem dois dígitos durante anos, e como sempre choram horrores para transferir aos trabalhadores a conta a ser paga.

A Campanha Salarial 2016 teve, até agora, três rodadas de negociações entre o Sintratel (Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing) e o Sintelmark (Sindicato patronal). 

Apesar de nossa data-base ser 1º de janeiro e termos entregue a pauta de reivindicações em novembro de 2015 a novela continua se arrastando.

Isto porque os patrões resolveram ignorar a pauta de reivindicações dos trabalhadores, e como contraproposta querem estabelecer o valor de R$ 800,00 para o o piso salarial da categoria e reajustar os demais salários em 2,82%. E se recusam a discutir quaisquer clausulas sociais, como: auxilio-creche (período/valor), vale-cultura etc. É um absurdo, pois os salários têm, no mínimo, que acompanhar a inflação do período (11,26%) que vem corroendo nosso poder de compra - 2,82% é uma vergonha!!!

Sempre de maneira bem irônica, deixaram claro que, o Brasil passa por uma crise e que não é justo os empresários pagarem sozinhos a conta. “Nada mais justo do que dividi-la com os trabalhadores”, afirmou um dos membros do patronal na reunião. 

Essa afirmativa até teria real fundamento, se nos momentos dos grandes lucros tivéssemos sido convidados a participar das benesses que o patronal gozou nos últimos anos, sempre com crescimento de causar inveja (até mesmo para construção civil) e lucratividade milionária do setor, que superou a barreira de 1 milhão de trabalhadores em todo Brasil.

Mas a realidade é, e sempre tem sido, outra. Há tempos temos tido nosso piso salarial atrelado ao salário mínimo e numa política de valorização de ganho real para os trabalhadores e trabalhadoras, o Sintratel, conseguiu recuperar essa valorização, criando um distanciamento entre o mínimo e o nosso piso. Política, esta, que não podemos aceitar um retrocesso.

Há todo um impacto da inflação no nosso poder de compra, que sempre penaliza mais as famílias de menor rendimento, já que na medida em que o poder aquisitivo aumenta, a taxa impacta em menor escala.

 Assim, o reajuste salarial baseado na reposição da inflação, tanto para o piso, quanto para os que ganham acima (o que não é tamanha a diferença), torna-se a única saída para recomposição dos salários e garantia do poder de compra, principalmente d@s operador@s, a camada que mais sofre com esse impacto.

Foi assim na negociação anterior, quando conseguimos um aumento real de 2,56% no piso praticado no ano anterior. 

Baseados nessa política, temos que dar continuidade, nessa valorização do piso dos trabalhadores em telemarketing.  

Conforme cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) a variação inflacionária de 2015, alcançou 11,46%, merecendo destaques a dois grupos que compõem o Indice do Custo de Vida (ICV), onde foram observadas variações superiores à inflação: habitação (15,70%) e transporte (15,13%). Ou seja, grupos que impactam diretamente no bolso de nossa categoria.

A situação torna-se ainda mais gritante quando observamos nos subgrupos, destaques para: eletricidade (71,11%), gás de botijão (24,45%), água e esgoto (22,79%), metrô (17,10%), ônibus comum (16,67%), trem (16,67%) e ônibus intermunicipal (16,49%).

Segundo cálculos da própria instituição, o salário mínimo no Brasil deveria ser de R$3.518,51, pois este é o valor suficiente para suprir as despesas de uma família de quatro pessoas "com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência".

Assim, os R$1.300,00 apresentados em nossa pauta de reivindicações não é uma viagem. Sabemos que estamos muito aquém dessa realidade, mas devemos deixar claro que não pagaremos a conta que o patronal nos convida a dividir. E não vamos admitir ataques aos direitos d@s trabalhador@s, que devem estar atentos e mobilizados para garantir o êxito dessa Campanha Salarial.

É importante ressaltar que, sempre estaremos em parceria pela busca por saídas econômicas, desde que não prejudiquem ainda mais os trabalhadores e venham somar na precarização das relações de trabalho.

Estamos abertos ao dialogo e a uma negociação respeitosa, porém se as propostas indecorosas persistirem o Dissidio será o caminho.

Nenhum direito a menos!!!

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