Mais uma vez retirou à força estudantes que pediam CPI da "máfia da merenda" na Alesp

Estudantes realizaram novo protesto na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), no dia 1º de março, pedindo a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o suposto esquema de fraudes na compra de produtos agrícolas destinados à merenda escolar.

Novamente foram agredidos e retirados à força pela Polícia Militar.

A confusão teria começado quando o deputado Coronal Telhada (PSDB) exigiu a retirada dos estudantes, após alegar ter sido ofendido por eles. 

Dois jovens acabaram sendo levados para o 36º DP. A Deputada Estadual Leci Brandão acompanhou os jovens e ficou o tempo todo com eles (veja depoimento da Deputada abaixo).

"Máfia da merenda"

As denúncias de pagamento de propinas a gestores do governo de São Paulo para fechamento de contratos com creches e escolas públicas de 19 cidades estão sendo investigadas pela Operação Alba Branca, deflagrada no último dia 19. As irregularidades estariam ocorrendo há pelo menos dois anos.

O presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB), e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo estadual Luiz Roberto dos Santos, conhecido como Moita, estão entre os investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual de São Paulo.

Impedimento à democracia

A política não se restringe ás ações dos políticos. A parte mais saudável dela está na manifestação da população em forma de protestos, atuação via entidades da sociedade civil e outras formas democráticas de participação política. E a assembleia legislativa é o palco perfeito para isso, já que lá estão os deputados responsáveis por fazer as leis. Eles foram eleitos pelo povo, que tem todo direito de fiscalizá-los e cobrá-los.

Mas o governo de São Paulo não pensa assim. Toda manifestação acaba em ação violenta da Polícia Militar. Principalmente quando o alvo do protesto é Alckmin e seu governo, como é o caso da máfia da merenda.

É claro que a PM tem culpa. Ela mantém os métodos e a truculência do período de ditadura militar, quando toda forma de manifestação era proibida pelos ditadores, havia prisões arbitrárias, tortura e morte de opositores do regime. Mas é claro também que há orientação do comando da corporação e do governo para descer o cacete.

Com isso fica evidente o caráter autoritário, elitista e antidemocrático do governo Alckmin e seu partido, o PSDB. Provas não faltam. Só não vê quem não quer!

NOTA DA DEPUTADA ESTADUAL LECI BRANDÃO (PCdoB) SOBRE MANIFESTAÇÃO DE ESTUDANTES NA ALESP

Na tarde de 01/03, tivemos a presença de estudantes secundaristas na Assembleia Legislativa de São Paulo se manifestando nas galerias do plenário. No meu mandato, acreditamos na garantia do livre direito de manifestação e que a "Casa do Povo" deve ser ocupada, justamente, pelo povo. Acreditamos, também, que o papel da Polícia Militar, dentro da ALESP,  é, acima de tudo, garantir esse direito e não reprimi-lo usando a violência.

Destaco que os manifestantes eram muito jovens e demonstravam o desejo de participar da vida política do nosso Estado. Nós, Legisladores eleitos pelo povo, deveríamos compreender isso e não punir a juventude por seus excessos e sim abraçá-la, abrindo os caminhos e incentivando-a a participar da vida pública. Afinal, é isso que esperamos da nossa juventude!

Os secundaristas têm o direito de manifestação, seja qual forem suas pautas. Neste caso, também acreditamos na legitimidade da pauta que tratava dos desvios na merenda escolar na rede pública estadual.

Todo Parlamentar deve cumprir o papel de defesa da livre manifestação, em especial, numa Casa legislativa. Por isso, fiz questão de acompanhar pessoalmente os dois jovens detidos pela Polícia até a delegacia, onde permanecemos por algumas horas acompanhando o caso, até a liberação dos dois jovens.

Esperamos que este tipo de conduta não seja mais utilizada na Assembleia Legislativa porque isso só desmoraliza e diminui o Parlamento paulista. Prezemos pela Lei e pela ordem sim. Mas prezemos, sobretudo, pela Democracia e pelos direitos da nossa juventude.