Taxa Selic que está em 14,25% pode subir meio ponto por cento. Reunião do Copom, órgão do BC que decide a taxa de juros será nesta terça-feira (6) e quarta-feira (7)
O Comitê de Política Monetária (Copom), órgão ligado ao Banco Central (BC) se reúne nesta terça (6) e quarta-feira (7), para definir a taxa de juros do país. A previsão, segundo analistas economistas, é que ela suba meio ponto percentual, dos atuais 14,25% para 14,75% ao ano. A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira (5), pesquisa divulgada semanalmente pelo BC sobre os principais indicadores econômicos. O Copom se reúne a cada 45 dias.
Se a previsão for confirmada este será mais um arrocho do mercado financeiro que culpa a geração de emprego e o aumento da renda dos trabalhadores e das trabalhadoras pela inflação.
Arrocho do BC
Toda vez que os juros aumentam ficam mais difíceis as contratações de empréstimos e financiamentos para que as empresas possam expandir seus negócios e, desta forma, impede a geração de empregos. Sem trabalho e renda não há consumo, forçando os preços para baixo. Ou seja, o neoliberalismo econômico coloca mais uma vez nas costas do trabalhador a conta do “ajuste”.
No ano passado a economia brasileira cresceu 3,4%. Foi o quarto ano seguido de crescimento, sendo a maior expansão desde 2021 quando o PIB alcançou 4,8%, e é esse crescimento que o mercado financeiro quer evitar.
Selic alta, prejuízo ao país
A alta taxa de juros básicas, a Selic, além de provocar recesso na economia, eleva a dívida do país, obrigando o governo federal a desembolsar bilhões para pagar seus empréstimos e financiamentos. Dinheiro que poderia ser investido em diversas áreas para o bem-estar da população. Desde que o Banco Central se tornou independente, em fevereiro de 2021, com Jair Bolsonaro (PL), que a taxa de juros do país passou a ser utilizada como forma de pressionar o governo federal a manter suas contas dentro do arcabouço fiscal, impedindo investimentos e o crescimento de benefícios sociais.
Se por um lado o BC diz que os juros seguram a inflação, impedindo o consumo da população, por outro lado, o governo federal se endivida mais. O último reajuste da Selic de 1,0%, fez aumentar a dívida pública em torno de R$ 50 bilhões. Em março deste ano, a Selic subiu de 13,25% para 14,25%, o que foi criticado em nota pela CUT.
“A taxa Selic atende aos interesses única e exclusivamente dos banqueiros, agiotas e rentistas que apostam diariamente no crescimento da dívida pública e das taxas de juros, para que possam acumular lucros recordes às custas do endividamento das famílias e da estagnação da economia real. As sistemáticas elevações da taxa Selic resultam em maior aumento do custo do serviço da dívida pública, pressionando as contas do governo federal e limitando seu espaço fiscal para investimentos em infraestrutura e políticas sociais. Além disso, desestimula o investimento produtivo e canaliza os capitais nacionais e estrangeiros para a especulação financeira, impactando negativamente a geração de emprego, trabalho decente, renda e poder de compra, em especial de alimentos. Aumentar os juros em um cenário de inflação de oferta pode desacelerar ainda mais a economia, reduzindo o consumo e o investimento sem resolver a causa raiz da inflação”, dizia trecho da nota.
Corroborando com a CUT sobre o aumento de juros, o economista e professor da PUC-SP, Ladislau Dowbor sempre foi um crítico da atuação do BC. Há dois anos, ele já alertava que a Selic num alto patamar "só interessa a um por cento da elite econômica do país que compra títulos do governo para investimentos (a arrecadação dos governos depende de impostos recolhidos e parte de títulos vendidos no mercado), e a cerca de 10% da classe média que têm aplicações financeiras, pois com a alta dos juros vale mais a pena deixar o dinheiro aplicado em algum título do governo do que abrir uma empresa e gerar empregos. São os chamados rentistas que vivem dos juros de suas aplicações".
Fonte: CUT