Como presidente do Sintratel, acompanho diariamente a realidade dura enfrentada pelos trabalhadores e trabalhadoras submetidos à escala 6x1. É uma rotina exaustiva, que adoece, fragiliza famílias e rouba o direito básico ao descanso. Nos últimos meses, porém, tenho observado sinais importantes de que esse modelo ultrapassado começa, finalmente, a ser questionado — no Brasil e lá fora.
No México, a presidenta Claudia Sheinbaum anunciou que o governo aumentará o salário mínimo e fará um esforço nacional para reduzir a longa semana de trabalho. Esse movimento, vindo de um país com características econômicas muito próximas às nossas, mostra que há um entendimento global crescente: não é possível construir desenvolvimento sacrificando a vida dos trabalhadores.
Aqui no Brasil, uma notícia recente chamou minha atenção e reforçou essa percepção. O Copacabana Palace, um dos hotéis mais tradicionais e prestigiados do mundo, anunciou que mudou o regime de trabalho de 90% de sua equipe. A escala 6x1, tão comum e tão sacrificante, deu lugar ao 5x2, garantindo duas folgas semanais. A mudança, que entrá em vigor em maio — estabelece um novo parâmetro para todo o setor de comércio e serviços. Se um gigante da hotelaria internacional conseguiu, por que outras empresas não conseguiriam?
Esses exemplos mostram que não estamos diante de um sonho impossível, mas de uma tendência concreta. A luta pelo fim da escala 6x1 é urgente, necessária e humanitária. No Sintratel, temos levantado essa bandeira com firmeza, porque sei — pela escuta diária aos trabalhadores — o quanto esse modelo destrói a saúde física e emocional.
Estamos construindo, com muito esforço, mobilização e diálogo, um movimento que não é apenas sindical, mas social. Queremos uma cidade e um país que valorizem o descanso, o convívio familiar e a dignidade humana. A escala 6x1 não cabe mais em um mundo que avança.
E reafirmo: continuaremos mobilizados. Porque trabalhar não pode significar abrir mão de viver.
