Por Marcísio Moura, diretor de Comunicação do Sintratel-SP

Você sabia que, desde 2007, o Estado de São Paulo conta com um piso salarial próprio? Ele foi criado para garantir que os trabalhadores paulistas recebam salários acima do mínimo nacional, levando em conta o custo de vida e a realidade do mercado de trabalho local.

De acordo com o site do Governo de São Paulo (www.saopaulo.sp.gov.br), esse valor é atualizado com base na demanda por mão de obra e nas condições econômicas do estado. Neste ano de 2025, o novo reajuste foi amplamente noticiado, reacendendo esperanças entre milhares de trabalhadores e trabalhadoras, especialmente de categorias citadas diretamente na lei, como operadores de telemarketing, telefonistas, atendentes e digitadores.

Mas o que pouca gente explicou com clareza é que esse reajuste não vale para todos. Quem já tem um piso definido por lei ou por Convenção Coletiva de Trabalho fica de fora da nova tabela estadual. Ou seja, o governo anuncia um aumento com destaque, mas inclui uma regra que, na prática, exclui justamente quem mais precisa.

A sensação é de frustração. Após anos de congelamento, o reajuste poderia ser uma medida positiva, mas acaba soando como estratégia de marketing político. A lei até lista as categorias e o valor do piso, mas esconde nas entrelinhas um detalhe importante: se houver uma Convenção Coletiva em vigor, é ela que prevalece — mesmo que ofereça um valor menor.

No caso do Sintratel, entendemos que qualquer ganho real para os trabalhadores deve ser defendido com firmeza. Valorização, salário digno e mais poder de compra são direitos fundamentais. E não faz sentido deixar de fora quem atua em setores como o de teleatendimento, uma das bases mais fortes da economia de serviços do Estado.

Por isso, apoiamos a existência do Piso Estadual Paulista — afinal, São Paulo é o estado mais caro do país para se viver. Só na Região Sudeste, lideramos o ranking de custo de vida, e ficamos em 7º lugar nacionalmente. Garantir um salário justo é uma forma de respeitar a dignidade dos trabalhadores e trabalhadoras.

Já há movimentações na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) para corrigir essa distorção. O objetivo é simples e justo: retirar o impedimento que exclui categorias com convenções coletivas da abrangência da lei. O impacto seria direto na renda, na qualidade de vida e na justiça social.

O Sintratel está engajado nessa luta e seguirá acompanhando os desdobramentos do tema. A valorização do trabalho precisa ser plena, sem pegadinhas na legislação.

E vale destacar: até a oposição votou a favor do novo piso, mas denunciou o paradoxo — o próprio Estado sanciona um valor de R$ R$ 1.804 como mínimo, mas paga menos do que isso a muitos dos seus próprios servidores.

No fim das contas, é como diz o ditado:

“Casa de ferreiro, espeto de pau.”